Objetivos
Ao final da leitura desde capítulo, o leitor será capaz de
- identificar e abordar o paciente em sofrimento;
- indicar os cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva (UTI);
- diferenciar as fases da assistência paliativa na UTI;
- tratar os principais sintomas do paciente em cuidado paliativo;
- reconhecer os sinais do processo de morte ativa.
Esquema conceitual
Introdução
Apesar do avanço tecnológico na medicina intensiva, a mortalidade nesse ambiente mantém-se elevada — de 20 a 35% aproximadamente.1 A terapia intensiva é focada na manutenção das funções vitais do paciente criticamente grave, quando a disfunção orgânica dele não responde aos tratamentos, e os cuidados intensivos tornam-se desproporcionais ao prognóstico; nesse caso, o médico intensivista deve proporcionar um fim de vida digno ao paciente.2 Nesse momento, o cuidado paliativo torna-se protagonista, e o médico deve estar preparado para essa abordagem.
O cuidado paliativo, tradicionalmente, era visto como exclusivo aos pacientes em final de vida. Hoje, compreende-se que o cuidado paliativo deve ser iniciado no momento do diagnóstico de toda doença crônica e potencialmente ameaçadora à vida, podendo ser realizado pela equipe da UTI isoladamente e/ou em conjunto com a equipe de cuidado paliativo.
No cuidado paliativo, são importantes as abordagens multiprofissional (enfermagem, assistência social, fisioterapia, fonoaudiologia, dentista, nutricionista, terapia ocupacional) e multidisciplinar (medicina intensiva, cuidado paliativo, geriatria, anestesiologia, oncologia), por causa da ampla gama de sintomas que acometem os pacientes terminais.
Quando a equipe está capacitada para cuidar do paciente e oferecer conforto a ele, evitando medidas consideradas fúteis para o tratamento, há melhora da qualidade de vida do paciente e redução de sofrimento. Estudos mostram que os cuidados paliativos em ambiente de terapia intensiva reduzem os custos sem aumentar a mortalidade.3
Os tratamentos invasivos e desproporcionais podem ser evitados com a comunicação entre familiar, paciente e equipe, com o uso de diretivas antecipadas de vontade (DAV) e com a capacitação da equipe.