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TEMAS DE MEDICINA DO ADOLESCENTE: CONSULTA DO ADOLESCENTE, SAÚDE REPRODUTIVA E ACNE

Autor: Benito Lourenço
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  • Introdução

O atendimento pediátrico dos adolescentes exige que os profissionais desenvolvam competências particulares. Receber um adolescente em consulta requer o estabelecimento de um vínculo de confiança, tanto por parte dos pais como do jovem paciente. Assim, deve-se responder aos pais sem ferir a ética profissional e aos adolescentes com um saber que não os intimide a falar de si.1

LEMBRAR

Do ponto de vista cronológico, a Organização Mundial da Saúde (OMSOrganização Mundial da Saúde) considera adolescente o indivíduo entre os 10 e os 19 anos. Sob o ponto de vista legal, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECAEstatuto da Criança e do Adolescente) — Lei nº 8.069, de 13 de julho de 19902 —, é considerado adolescente o indivíduo entre 12 e 18 anos de idade.

Não existe um modelo único e universal que sistematize a consulta dos adolescentes, assim, cada serviço deve se adaptar diante de suas especificidades e das características de sua clientela. Entretanto, existem princípios legais, éticos e práticos ligados ao exercício da medicina do adolescente que devem ser respeitados em qualquer tipo de atendimento e que se referem a:

 

  • respeito da autonomia;
  • privacidade do atendimento;
  • confidencialidade das informações;
  • percepção da maturidade e capacidade de julgamento progressivas do cliente adolescente.

Neste capítulo, será feita uma breve revisão desses conceitos e de suas aplicações práticas. No atendimento de adolescentes, a habilidade da escuta torna-se tão importante quanto a das orientações, respostas e prescrições. O profissional deve estar atento, pois as queixas mais simples, que trazem grande preocupação ao adolescente, podem denunciar algo mais profundo que ele não consegue expressar. Dessa forma, os temas mais sensíveis e difíceis não devem ser omitidos da consulta.3

Entre esses temas sensíveis e difíceis, os aspectos da saúde sexual e reprodutiva do adolescente merecem destaque. O processo de prevenção à gravidez e às infecções sexualmente transmissíveis na adolescência é complexo e dinâmico, e a população de jovens com acesso a uma fonte confiável de informações, aconselhamento e apoio está mais bem capacitada ao exercício saudável e responsável da sexualidade.3

LEMBRAR

É fundamental que o profissional demonstre a percepção das habilidades de comunicação, particularmente a não verbal, mas isso não significa que o médico se comporte como adolescente. O paciente deve reconhecer em seu médico uma figura de referência e não um colega adolescente. Estimula-se no profissional uma postura receptiva e empática, sem julgamentos, evitando-se a imposição de normas comportamentais.

O capítulo também vai abordar os aspectos práticos para orientação e prescrição das melhores estratégias contraceptivas. Os casos clínicos mostram que, independentemente da razão pela qual o adolescente procura o serviço de saúde, cada visita oferece ao profissional a oportunidade de detectar, refletir e auxiliar na resolução de outras questões distintas do motivo principal da consulta. Por fim, serão apresentados os recentes recursos terapêuticos para acne, a queixa dermatológica mais frequente em adolescentes.

Nota da Editora: os medicamentos que estiverem com um asterisco (*) ao lado estão detalhados no Suplemento constante no final deste volume.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • revisar os princípios básicos da consulta ao adolescente e do atendimento à saúde integral;
  • identificar a complexa dinâmica da anamnese e do exame físico de adolescentes;
  • descrever as etapas da consulta do adolescente;
  • avaliar os cenários mais favoráveis ao atendimento de melhor qualidade;
  • considerar alguns aspectos legais e éticos relacionados às consultas dos adolescentes;
  • abordar os aspectos relacionados à saúde sexual e reprodutiva durante a consulta do adolescente;
  • considerar a adoção de uma estratégia de proteção contraceptiva para os adolescentes;
  • orientar sobre os principais métodos contraceptivos disponíveis para uso na adolescência;
  • caracterizar a acne como uma doença crônica com potencial comprometimento psicossocial do adolescente;
  • classificar os graus de acne de acordo com as lesões predominantes;
  • instituir a terapêutica mais adequada para os variados graus de acne.
  • Esquema conceitual
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